quarta-feira, 22 de maio de 2013

Cap I - A lenda



Apenas com 1 ano fora parar a um orfanato, deixada à porta dele apenas com um bilhete a dizer Lucy Wolffield. Pelo menos isso fora o que lhe contaram,  aqueles que a levaram para longe contra a vontade de Jared Wolffield, seu pai.

Dizia a lenda que Wolffield era uma família da alta nobreza, muito respeitada e poderosa, mas com um filho algo fora do comum. Desde pequeno que roubava, e com os anos ia aperfeiçoando as técnicas. A maior parte dos seus roubos era para ajudar pobres camponeses que nada tinham. Mas apesar das suas boas intensões, era visto como a vergonha dos Wolffield, um filho indesejado. Apesar das contradições, era o herdeiro da família, visto que a sua mãe teve apenas mais 3 raparigas antes de deixar de puder ter filhos devido a complicações no parto da ultima.
Um dia estava a dar um passeio e viu uma rapariga, que pela qual se apaixonou. Elena Rowswell, uma das raparigas mais cobiçadas da cidade. Mas o seu pai não autorizava, nem a presença, de Jared perto dela. Via-o como a um vigarista que queria a fortuna dele. Mas Elena apaixonara-se pelo jovem e charmoso Jared, e sem a permissão do pai, Elena fugiu com Jared, em busca da cidade dos seus sonhos, Veneza. 
Mas formam intercetados por um homem, um cavaleiro, contratado pelo pai de Elena para matar o jovem casal e traze-lo. Mas acontece que o cavaleiro apaixonara-se pela beleza de Elena, muito jovem e sedutora nos seus 16 anos.
 Assim o cavaleiro deixou-os ir, avisando que o pai dela tinha a parte sul da Europa sobre olho, por isso aconselhou-os a irem para um pais mais a norte, como Finlândia ou Noruega. Eles seguiram o conselho e foram então para a Dinamarca, seduzidos pela ideia da neve, algo que nunca tinham visto anteriormente.
Ao chegarem ao pé das árvores, avistaram um sinal a dizer “Aqueles que outrora, cavaleiros, aqui tentaram atravessar e provar que a floresta, escura e perigosa, só passara de um mito, encontram-se lá sepultados num grande cemitério que é a Floresta Negra. Vós que estais lendo isto, se vós quereis uma morte lenta e dolorosa onde nunca será encontrado os seus restos, a floresta estai à vossa disposição.”. Intrigados com o que aquele sinal dizia, seguiram o seu rumo pelo trilho, até chegarem uma aldeia chamada “Ends Ville”, o que também intrigou-os. Dirigiram-se a uma pequena taberna que também era um pequeno motel e alugaram um pequeno quarto. Ficaram nesse quarto até que Jared, que tinha trabalhado intensamente como lenhador na orla da floresta, conseguio dinheiro suficiente para comprar uma pequena e modesta casinha.
Passados dois anos, estando casados e financeiramente estáveis esperavam o seu segundo filho, uma menina cujo nome foi Lucyanne. O primeiro filho tinha nessa altura um ano, e seu nome era Philipe. Elena e Jared nunca chegaram a mudar o nome, pois nunca achavam que seriam procurados nesta parte do mundo, mas aí se enganavam redondamente.
Depois da sua fuga a família de Jared fora torturada para saber a localização destes amantes, porem ninguém sabia. Josefth Wolffield era o pai de Jared, era o único conhecedor de tal informação, mas ele morrera de causas naturais dois dias antes do rapto e chacina da sua família.
Como já devem ter percebido, os Roswell não descansaram até terem Elena e Jared capturados ou mortos. Após descoberta a sua localização no norte da Europa, a única salvação desta família era fugir, mas para onde? Para a Floresta Negra onde o sobrenatural reinava.

Certo dia, ao entardecer, sentia-se na terra os tremores que as pancadas dos cascos dos cavalos imitiam sobre a terra. Era Novembro, dia 26 para ser mais precisa, dia em que Lucyanne comemorava o seu primeiro aniversário. Jared já sabia que este dia seria o fim, como ele estava certo, mas Elena recusava aceitar o facto de que a morte se aproximava.
- Existe sempre uma alternativa, Jer! Nós encontrámo-la antes e iremos encontra-la outra vez. Até que o fim nos separe!
- Ou o teu pai queres tu dizer. Mas tens razão, eu estive a pensar num plano caso este dia chegasse. Mas tu não vais gostar…
-Diz logo, daqui a pouco ficamos sem tempo para agir!
- Como tu sabes eu sou um lenhador, e quando eu estava na floresta à procura de um tipo de madeira, um carvalho negro conectado a um carvalho branco, encontrei uma rede de tuneis por baixo dessas duas árvores. Quando eu tinha algum tempo livre a mais ia explorando e adaptando os tuneis para caso de necessidade futura.
- Isso é ótimo! Porque disseste que eu não ia gostar?
- Porque temos de atravessar quase meia floresta para chegar lá…
- Isso agora não é importante, porque simplesmente não pode importar. É a nossa única opção, a única salvação dos nossos filhos. Que seriamos nós sem eles, e que seriam deles sem nós? Bem, vai preparar os cavalos, eu preparo as nossas coisas.
Daí a quinze minutos já tinham partido, levando o essencial consigo e deixando para trás não só uma casa, mas um lar, onde sentiram-se protegidos de tudo aquilo de que sempre fugiram.


Depois de penetrarem na orla da floresta repararam que tinham estado a ser seguidos por um batedor que usava o brasão da família Rowswell. Jared explicou como se ia ter ao refúgio, através de umas marcas quase invisíveis nas árvores, umas setas. O código era invertido, se apontava para direita era para a esquerda, se apontava para esquerda era direita, e assim por diante. Separaram-se, cada um ficou com um cavalo, o batedor não sabendo o que fazer, segui-o um, que acabou por ser o do Jared. Jared ficara com Lucyanne e Elena com Philipe, quando já estavam a penetrar demasiado na floresta, batedor abordou Jared, perguntando se ele tinha visto alguém chamado Wolffield. No momento em que Jared o encarou, uma dezena de soldados saiu das trevas cercando-o, como uma muralha. De uns dos lados abriu-se um espaço de onde saio com um ar de triunfo Richard Rowswell, pai de Elena.
- Com que então, como está, senhor Wolffield? Mas mais importante, onde está a Elena?
- Ela está a salvo, finalmente a salvo da sua prisão de políticas e preconceitos.
- Vejo que guarda algum rancor, senhor Wolffield. E que é isso aí? – E ao dizer isto três soldados aproximaram-se, arrancando a pequena e inocente bebé dos seus braços, imobilizando-o ao mesmo tempo contra o chão. Um dos soldados trouxe-lhe a bebé embrulhada em pequenos panos arrosados, e ele recebeu-a e afagou-a contra o peito num gesto protetor – Bem, parece que finalmente temos algo em comum. A ambos foi-nos tirado o que a certa altura era o mais importante, e agora a ambos não nos sobra nada além da saudade de puder proteger a nossa pequena e inocente filha. Bem que agora de inocente minha filha não tem nada, não passa de uma desamparada que só sabe ir pelos maus caminhos. Foi um prazer reencontra-lo, senhor Wolffield. Ah, já me esquecia, você é o último Wolffield vivo. Bom proveito da vergonha que carrega. – E assim deu meia volta e foi-se encaminhando para fora dali.
- Espere! Isto não ficará assim! – Mas vendo que aquelas palavras de nada serviam acrescentou: - Ela chama-se Lucyanne, em honra da sua falecida mãe. Elena disse que após a sua morte, você nunca mais foi o mesmo. Lamento por ter de carregar a dor de ter assinado a sentença de morte de sua mãe, mas você nunca a devia ter denunciado. As bruxas gostam de ser mantidas em segredo, tendo em conta que normalmente toda a família o é. – Isto fez com que ele parasse de andar, mas mantinha-se de costas voltadas para Jared – Mas foi pelo facto de que você não o era que a denunciou, sentia-se muito diferente do resto da sua família, intimidado. Ser o excluído, por vezes é muito desagradável, ser o único fora do segredo passado de geração em geração. Até os seus descendentes o são, sobrenatur……
- Chega!!!! – disse Rowswell interrompendo Jared – Não admito que ande por aí a profanar a minha família. Nunca mais verá a sua filha e sua sorte, senhor Wolffield, é que eu não sei onde está a minha senão também nunca a veria outra vez. Se nos encontrarmos de novo, considere-se um homem morto. – e assim foi-se embora de vez, em passos apressados, levando todos os soldados consigo, deixando-o ofegante por ter estado numa posição tão desconfortável por tanto tempo.
Levantou-se a custo, dirigindo-se para o seu cavalo, pensando em como diria a Elena que Lucy foi-lhes retirada, a sua pequena joia fora lhes retirada… tudo por culpa dele, pela sua ignorância. O caminho para os carvalhos nunca lhe parecera tão insignificante, estava a ver tudo turvado pelas lagrimas, pela certeza de que nunca mais a veria… E assim se deu o início do seu fim.......

3 comentários:

  1. E este é o 1º Capitulo de Floresta Negra
    Espero que tenham gostado
    Comentem
    KS

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  2. Mesmo que eu já soubesse da historia até este ponto, vê-la escrita é completamente diferente!! Tá lindo!!
    Magui*.*

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  3. Tá lindo Carol. Pareces um professional a escrever. Continua que quero saber o que se vai passar a seguir.

    * Tânia * ;)

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