sábado, 13 de julho de 2013

Cap III




          Lucy’s POV:
- E agora? E agora o que faço?! – Choramingava comigo mesma – que fui eu fazer?! – Parei de andar, não fazia sentido embrenhar-me mais na floresta, eles nunca viriam até onde me encontrava. Deixei-me cair, também não fazia sentido continuar de pé. Desde que era pequena tinha um medo terrível do escuro, o que se acravou quando me fecharam na cave durante tantos anos. Agora encontrava-me na escuridão absoluta, no meio de uma floresta selvagem, cheia de seres noturnos que eu desconhecia, e apesar disso não sentia absolutamente nada. Nada… De repente ouve-se um ramo partir-se, como se pisado. Viro a cabeça na direção do barulho na esperança de ver alguma coisa, mas naquela escuridão nada via a não ser o que o brilho da lua iluminava.
            E esta lua, tão grande, magnifica e esplendida, sendo associada ao amor por uns e à solidão por outros. Tudo isto se fundamenta no facto de que em qualquer momento ao olhar para ela sentimos o que queremos sentir. Se nos sentirmos apaixonados iremos associa-la ao amor, mas por outro lado se nos sentirmos sós e abandonados, só iremos piorar, desgastando o que resta do nosso ser.
            Fiquei muito tempo a olhar para ela, revivendo as memorias que eu tanto queria esquecer, aquelas que eu julgava já ter esquecido, daqueles anos de tortura e solidão. Começa a chover no preciso momento em que eu tento parar as memórias. Só naquele momento me apercebi da magnitude daquele astro, daquela Lua sem outra igual e que embora pareça tão perto, está tão longe, descoberta numa frecha num teto feito das ramagens de árvores sombrias. Então, só naquele momento me apercebi que numa das árvores estava recortada a forma de uma casa… Já tinha ouvido falar neste tipo de construções, mas nunca tinha visto uma. Decidi então ver como ela era mais de perto, levantei-me e corri na sua direção.
            A casa estava longe, e por mais que corresse parecia que ela mais se afastava, até ao momento em que me embaraço numas cordas que parecem ser uma espécie de escada. Subi e deparei-me com uma espécie de posto de vigilância, só que não estava lá ninguém. Era o que pensava eu.
            - Obrigada Lua, por me fazeres encontrar um abrigo – Murmurei em direção à Lua, tão longinquamente perto e proximamente longe. Ouvi um pequeno barulho, mas supus que se tratava de algum animal que estava por aqui. Mesmo assim decidi averiguar a instalação. Dirigi-me para a porta e ao abri-la, ela fez um tremendo rangido.
            - Está aqui alg… - Perguntei, sendo interrompida por alguém que me tinha agarrado por trás, e me encostado uma faca ao pescoço. Tinha-me agarrado os dois braços com uma mão, forçando-me a ficar encostada a ele e a outra mão mantinha a faca encontrada ao meu pescoço.
            - Quem és tu? – Perguntou-me uma voz masculina
            - hum… - gemi, pois ele estava a segurar-me com muita força, mas isso apenas fez com que me segura-se com mais.
            - Quem és tu?! – Repetiu
            - Lucyanne Wolffield – respondi-lhe eu, ao falar senti a faca a cortar me um pouco da pele e sentia que um pouco de sangue estava a me escorrer pelo pescoço. Ele apercebeu-se disso
            - Desculpa – murmurou, quase não dando para ouvir e diminuio na força – Wolffield dizes tu. Hum… esse nome não me é estranho. – Continuou baixinho, mas desta vez parecia que estava a falar consigo próprio – Que fazes aqui?
            - Procuro abrigo, pois fugi de casa – estava a começar a ganhar confiança nele, pois a sua aura era me familiar
            - Não devias ter fugido de casa, e muito menos entrado na Floresta – disse me num tom mais acolhedora, mas sem nunca me soltar – se não fosse eu quem estava aqui já estarias morta – sussurrou-me ao ouvido, e com isto soltou-me.
             - Tu és me familiar – disse antes de me voltar para ele. Ao olhar melhor vi que ele tinha uma cicatriz na cara que passava pelo olho. Sem me aperceber aproximei-me e passei um dedo por ela. Ele era loiro, alto, robusto, olhos esverdeados mas com um ar tão familiar, como se eu já o conhecesse desde sempre.
            - Lembraste de mim? Como é possível? Eras apenas uma criancinha quando eu…
            - Quando tu fugiste da cave em direção a esta floresta – interrompi
            - Eu não te cria deixar sozinha nas mãos daquele… mas não havia nada que eu pudesse fazer
            - Tu prometes-te me que me irias libertar, mas passaram-se 10 anos após a tua fuga e nada. – Disse-lhe olhando-o nos olhos, com lagrimas nos olhos. – Eu senti tanto a tua falta – as lagrimas escaparam-me, baixei a cabeça. Ele agarrou-me numa mão e puxou-me na sua direção, abraçando-me com força. Eu, em resposta passo os braços à volta do seu pescoço e puxo-o para mim. Não quero ter de me separar dele outra vez.
            - Eu também senti a tua falta, Anne
            - Não me comeces a chamar Anne outra vez, Mike
            - Lu, tens de voltar à vila
            - Porquê? Para voltar aquela cave maldita?!
            - O teu avô deve estar preocupado contigo
            - Ele morreu, fugi no funeral, pois o Mayor quer me voltar a por lá dentro. Logo no momento em que eu já estava a me habituar à liberdade
            - Foste libertada?
            - Sim, à 2 anos, mas após a morte do meu avô eu tenho de ficar com o Major. Este quer que eu volte à cave, mas com uns extras… Eu não quero!!! – Disse, apertando-o mais
            - Vais me sufocar Lu!! Eu também não te queria deixar ir mas tem de ser, espera por mim que eu irei-te salvar. Um dia. Apenas espera. – Disse ele, libertando-se do meu abraço apertado-E agora uma pequena lembrança – continuou, aproximando a sua cara da minha, dando-me um beijo na bochecha. – Agora vai, antes que eu me arrependa.
            - Mas, como é que eu vou?
            - Se reparares, algumas arvore têm uma folhagem prateada, orienta-te por elas
            - Obrigada Mickael!
            - Não voltes a chamar isso
            E assim lá fui eu, para o último sitio onde devia ir, na direção contraria a onde deveria estar…

            Mike’s POV:
            Como pude deixa-la escapar-me por entre os dedos outra vez? Mesmo sabendo que provavelmente não a poderei salvar, mandei-a ir, e o pior é que ela sabe mas não quer acreditar… Mas, como pôde ela ter vindo até aqui, quase nas profundezas da Floresta, sem ser morta por algum dos seres que nela vagueiam? Será que ela é um deles?
(Flashback)
            Quando eu vim para a Floresta, a única coisa que me passava na cabeça era fugir, fugir da cave o mais depressa que podia. Quando senti que já estava em segurança, já longe do alcance daquele que me mantivera em cativeiro, ouvi os gritos de Lucy. Parecia que estava a ser torturada, talvez para descobrirem onde eu estava, para onde eu tinha fugido. Ela no início gritava “não” e “nunca” de uma forma agressiva, como se fosse apenas uma resposta, sem traços de dor na sua voz. Após esses primeiros gritos, surgiram outros, mas esses já eram de puro sofrimento. Suponho que este seja um dos principais motivos para que a Lucy odeie tanto a cave. Sentia-me e ainda me sinto responsável por ter causado todo esse sofrimento à Lucy.
Bem, eu corri o mais que pude, a tentar fugir do som quando o meu pé fica preso numa armadilha. Passaram-se algumas horas, os gritos de Lucy haviam cessado e eu ainda me encontrava preso sem esperança de fuga. De repente oiço uns barulhos vindos de uns arbustos e só penso “este é o meu fim”, fecho os olhos e fico à espera, até que oiço uma voz dizer “ohh, e eu que queria tanto comer urso ao jantar”. O homem a quem pertencia a voz aproximou-se de mim e começou a me libertar a perna, mas nesse preciso momento uma espécie de urso salta para cima de nós, e eu puxei o homem, de forma a que ele ficasse no chão, fora da trajetória do urso. Assim o urso veio direitinho a mim, passando a pata na minha cara, fazendo a cicatriz que eu tenho hoje. o urso não fez mais do que isso, pois o homem ,que não tinha caído no sitio onde eu pretendia, trespassara-o com uma espada de aspeto surreal, emitindo uma luz avermelhada conforme ia trespassando-o.
- Miúdo, estás bem? – Perguntou-me com um tom agitado. Ao ver a minha ferida no rosto rasgou um pedaço da camisa que usava, dobrou-o e deu-me – Faz pressão. Isso deve dar-nos tempo para chegarmos lá. – Depois virou-se para trás e gritou – PHILIPE, vem aqui! Ajuda este nosso amigo a chegar inteiro à aldeia. Eu vou levar o nosso jantar.
Philippe era um rapazinho com cerca de 9 anos, eu tinha 12. Era muito forte para a idade e ajudou-me a chegar à tal aclamada aldeia. Não deve ter sido trabalho fácil, pois alem de cambado eu não podia ver com o olho esquerdo.
- Bem, como já deves ter percebido sou o Philippe, mas podes tratar-me por Phil. Aquele ali é o John. E tu como te chamas?
- Eu sou o Mike, Mike Collins. Para onde vamos?
- Já vais ver, estamos quase a chegar.
Quando chegámos ao portão, uma voz perguntou:
- quem vem aí?
- Jack, abre o portão se quiseres jantar
- Menino Philippe e Sr. John já chegaram!! Abram o portão!! – gritou Jack, e o portão abriu-se, estado uma figura feminina à espera.
- Mãããeee……
- Phil, quantas vezes é que eu já te disse que não podes sair sem pedir permissão primeiro? –e ao olhar para mim disse - E o que aconteceu a este nosso amigo? Bem vou leva-lo para o hospital, tu vai ajudar o teu tio a trazer o urso.
- Olá…… Chamo-me Mike Collins
- poupa a tua força, vai precisar dela. Contas-me o que aconteceu depois , ok?
- ok. – E assim ela pegou-me ao colo e levou-me para o tal hospital.
E assim foi como eu conheci Elena Wolffield, Philippe Wolffield e John Rowswell.
Lucy’s POV:
Segui as instruções de Mike e voltei à vila sem problema. Quando eu voltar para a casa, o Mayor vai me trancar na cave por isso pensei em passar pela casa de Chris, e assim fiz. Trepei pela parte de trás do edifício, onde tinha as pedras mais salientes e entrei facilmente no quarto de Chris, pois a janela deste estava aberta. O quarto estava vazio, como se ninguém tivesse vivido ali, com a exceção de uma carta que estava no centro do quarto vazio. Nela estava escrito:
“Querida Lucyanne,
Se estais a ler isto, eu estava certo quanto ao facto de que você viria à minha procura e deve estar a se questionar o porque de a minha casa estar vazia.
Desde o momento em que nasci, os meus pais arranjaram-me um casamento com uma nobreza de Áustria. O casamento será 2 meses depois de eu chegar lá. Os meus pais ao verem que eu estava a ficar muito próximo de si, tiveram medo que eu fosse ao teu avô pedir a tua mão, e fizeram com que o casamente fosse antecipado.
Desculpe não a ter avisado antes mas acontece que quando eu ia ter consigo, o Mayor fez com se enervasse e fugisse para a Floresta Negra.
Eu deixei Ends Ville logo após o funeral.

Com as mais sinceras desculpas
Christian Campbell“  
           
            - Não……… Porquê que todos aqueles que eu amo me deixam para trás?! Porquê?!
            - creio que isso se deva ao facto de que eles não a amam verdadeiramente, menina Lucy. – disse uma voz atrás de mim, a voz do Mayor. – GUARDAS! Levem-na para a masmorra*.
*a cave é uma masmorra, mas quando falam na masmorra dizem cave, porque é uma forma mais leve de se referirem à masmorra

            Mike’s POV:
            -Hey Mike, hora de troca de turno – disse Philippe – o que se passou para estares nesse estado? Um urso veio cá a cima?
            - Pior. A tua irmã.
            - A Lucy? O que é que ela tem?
            - Ela veio cá a cima e…
            - E…?
            - E eu mandei-a de volta para aquela maldita masmorra!
            - Nós estivemos estes anos todos à espera que ela entrasse na floresta e tu mandas ela voltar para lá?! O que é que raio se passa contigo?! – Gritou-me Philippe
            - Eu só não quero que ela tenha de passar por tudo aquilo que…
            - Que os seres sobrenaturais, neste caso bruxas têm de passar.
            - Ela é a última pessoa que devia passar por isso… Eu é que devia sofrer, não ela!
            - Hey! Tens consciência que o mayor sabe de tudo, não sabes? Tu fazes a mínima ideia do que vai acontecer-lhe se ele lhe mete as mãos em cima?!!!
            - Fica aqui! Eu vou ver se consigo remediar a situação.
            - Tu nem penses que eu vou te deixar ir sozinho!
            - Tu não consegues passar a barreira, eu consigo! Ninguém naquela maldita aldeia consegue! Eu sou o único ser que não tem a porcaria desse sangue! Ela é diferente, ela…
            - Tem o mesmo sangue que eu… eu percebo-te. Ela ainda não exerce, não sabe de nada. Só aqueles que têm conhecimento da magia e que conseguem contrala-la estam presos na floresta. Vai, estamos a perder tempo aqui a discutir. Eu vou contigo até a fronteira.
            - Vamos!!!

            Lucy’s POV:

            - Para quê resistir se já perdeste tudo aquilo que amavas? Os teus pais, o teu irmão, o Christian, o teu avô… até já te perdeste a ti própria… para onde fugirás? Para a pança de um urso?
            - Você está errado! Ainda existe uma pessoa que não me abandonou
            - Não me digas que te estás a referir aquele rapazinho que fugio à 10 anos atrás. Esse é o pior deles todos. Esse abandonou-te sem pensar duas vezes, tornou o teu amor em puro sufrimento!
            - Eu não admito que fale assim do meu Miki!! – e assim ouve uma enorme explosão, a casa ficou em chamas e eu saltei pela janela, em direção à floresta, mas a orla da floresta estava cheia de soldados. Não existia nenhuma forma de fuga possível, este era o meu fim..
            - LUUUUUUUU!!!!
            - Mike? MIKEEEEE!!!! Salva-me, por favor. – de repente fica quente, abro os olhos e estou dentro de um circulo de chamas azuis – Mike????
            - Lu, eu disse que voltava – disse Mike à minha trás abraçando-me. No momento em que me viro, olho-o nos olhos e vou-me aproximando a minha cara da sua. Ele percebe a minha intensão e é mais rápido do que eu.
            Este fora o meu primeiro beijo, ao Luar entre chamas azuis.

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Espero que estejam a gostar, pois eu escrevo isto para alguma coisa :P
Bem.... 1º beijo da Lucy, n tavas à espera xD
Eu tinha de pôr um Cap no dia mundial do Rock.... Love it!!!

Got to keep going
KS